segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Espera, esfera, esperança






Estou à espera,
sou a espera,
e, feito esfera,
é, de esperança,
que me revivo.
Um corpo pleno de sonho,
que, girando em sua crença,
pode seguir mudança,
preso e liberto,
no peso bem real
da circunstância.
A roda que rola
em seu próprio eixo,
variando apenas
pelo chão
da novidade.
O verbo de seu veio
têm de ser meu centro,
que, no princípio,
era meu fim,
dever-ser de um valor,
herança que é resistência.
Só a esfera, espera,
nos dá esperança.
Só a esfera, espera.
regenera,
em seu revolucionar,
onde os regressos
nos dão avante,
nesse abraço armilar
que é raiz do mais além.
Só a espera é semente,
o situado transcendente,
o breve sinal de voo
que nos dá o procurar.
Tempo de espera
é tempo de esperança,
tempo de peregrinar
minha distância,
de, em revolta,
redescobrir.
Só a esfera, espera,
vai relembrando,
num revolucionário regresso,
com tradição e progresso.
Tempo de voltar a ser
homem de Deus,
eu, mais do que eu,
indiviso e sujeito,
grão de luz
em meu pensar,
sócio, feito pessoa,
português universal,
capaz de saudar
libertação,
na manhã que virá
depois da espera.